Querida Kitty:
Tenho imenso que fazer. Traduzi um capítulo de La belle Nivernaise. Tirei todos os significados novos. Depois fiz um problema de matemática e ainda estudei três páginas de gramática. Não gosto nada de problemas nem me apetece pegar-lhes. O pai também os acha complicados e, por vezes, resolvo-os melhor eu do que ele, mas, em boa verdade, nem ele nem eu sabemos muito disto e acabamos quase sempre por chamar a Margot para nos dar uma ajuda. Na estenografia sou eu quem vai à frente dos três. Ontem acabei de ler Os Salteadores. É um bom livro, mas não se pode comparar a Joop-ter-Heul. Continuo a dizer que acho a Cissy v. Marxveldt uma escritora brilhante. Os meus filhos hão-de ler os seus livros. O pai deu-me algumas peças de teatro de Korner: O primo de Bremen, A governanta, O dominó verde. Um bom escritor.
A mãe, a Margot e eu voltámos a ser amigas, o que não deixa de ser muito agradável. Ontem a Margot deitou-se ao meu lado na minha cama. Quase não havia lugar para as duas, mas não fazes ideia como foi bom. Ela perguntou-me se podia ler o meu diário. Eu disse:
-Algumas passagens podes.
Perguntei-lhe pelo diário dela. Disse que também mo dava a ler. Depois falámos sobre o futuro e perguntei-lhe o que ela queria ser. Mas não quis dizer, é um segredo. Ouvi vagamente dizer que quer ser professora e suponho que deve ser verdade. Acho que sou curiosa de mais. Hoje de manhã estendi-me sobre a cama do Peter depois de o ter expulsado de lá. Ficou furioso, mas não fiz caso. Acho que podia se mais amável comigo, pois ainda ontem lhe dei uma maçã.
Ontem perguntei à Margot se me achava feia. Ela disse-me que eu tinha um ar patusco e os olhos muito bonitos. Uma resposta um bocado vaga, não te parece?
Até à próxima.
Tua Anne
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