domingo, fevereiro 22, 2009

ACALENTO

Eu só queria um ombro para encostar e dizer a
falta que o Ser Humano me faz,
Eu só queria me acomodar em um colo,
e sentir o calor do amor,
assim como o corpo é aquecido
quando exposto ao raio do sol.

Eu só queria não ser tão ausente
no coração de tanta gente...
Eu queria quase nada...
Tão pouco o que eu queria...

Queria compreensão, ternura e um pouco de razão,
Queria um sorriso gostoso despretensioso,
Um abraço doado, apertado, sensibilizado.
Um Te amo de coração...

Queria ganhar um pouquinho de algum chão,
sem poeiras da imaginação.
Queria continuar a acreditar que pessoas
ainda são capazes de se doar.

Eu só queria dentro do mundo com tanta gente ,
Ter o imenso prazer, de pelo menos à alguém dizer:

Por ti vale todo meu viver!
Eu, Simplesmente queria...
Eu só queria...

Cora Maria

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

CANÇÃO A CAMINHO DO CÉU



Foram montanhas? foram mares?
foram os números...? - não sei.
Por muitas coisas singulares,
não te encontrei

E te esperava, e te chamava,
e entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? maré brava?
E era por ti!


As mãos que trago, as mãos são estas.
Elas sozinhas te dirão
se vem de mortes ou de festas
meu coração.

Tal como sou, não te convido
a ires para onde eu for.

Tudo que tenho é haver sofrido
pelo meu sonho, alto e perdido,
- e o encantamento arrependido
do meu amor.
Cecília Meirelles

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

SAUDADE


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


Pablo Neruda