sexta-feira, julho 29, 2005

E O DIÁRIO FECHOU-SE...

Em 1 de Agosto de 1944, Anne Frank dizia que lhe chamavam um feixe de contradições e perguntava: " O que é contradição? Como todas as palavras, tem dois sentidos: contradição exterior e contradição interior.
O primeiro sentido é este: não nos conformarmos com a opinião dos outros, querer saber tudo melhor, querer ter a última palavra, enfim: qualidades desagradáveis que já conheces suficientemente. O segundo: qualidades que também tenho mas que ninguém conhece e que são o meu segredo.". E terminou assim: ... "continuo a procurar um meio para vir a ser aquela que gostava de ser, que era capaz de ser, se... sim, se não houvesse mais ninguém no Mundo.".
Dois dias depois, a 4 de Agosto de 1944, o anexo foi assaltado pela polícia.
Anne morreu em Março de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, dois meses antes da libertação da Holanda.

quinta-feira, julho 28, 2005

15 DE JULHO DE 1944

........ É por milagre que ainda não renunciei a todas as minhas esperanças, na verdade tão absurdas e irrealizáveis. Mas eu agarro-me a elas, apesar de todos e de tudo, porque tenho fé no que há de bom no homem. Não me é possível construír a vida tomando como base a morte, a miséria e a confusão. Vejo o Mundo transformar-se, pouco a pouco, num deserto; ouço, cada vez mais forte, a trovoada que se aproxima, essa trovoada que nos há-de matar; sinto o sofrimento de milhões de seres e, mesmo assim, quando ergo os olhos para o Céu, penso que, um dia, tudo voltará a ser bom, que a crueldade chegará ao seu fim e que o Mundo virá a conhecer de novo a ordem, a paz, a tranquilidade.

Até lá tenho que manter firme os meus ideais - talvez ainda os possa realizar nos tempos que hão-de vir.


Tua Anne
-Parte final do texto-

O QUARTO DE ANNE FRANK

ANNE FRANK (cont.)

Sexta-feira, 16 de Outubro de 1942



Querida Kitty:


Tenho imenso que fazer. Traduzi um capítulo de La belle Nivernaise. Tirei todos os significados novos. Depois fiz um problema de matemática e ainda estudei três páginas de gramática. Não gosto nada de problemas nem me apetece pegar-lhes. O pai também os acha complicados e, por vezes, resolvo-os melhor eu do que ele, mas, em boa verdade, nem ele nem eu sabemos muito disto e acabamos quase sempre por chamar a Margot para nos dar uma ajuda. Na estenografia sou eu quem vai à frente dos três. Ontem acabei de ler Os Salteadores. É um bom livro, mas não se pode comparar a Joop-ter-Heul. Continuo a dizer que acho a Cissy v. Marxveldt uma escritora brilhante. Os meus filhos hão-de ler os seus livros. O pai deu-me algumas peças de teatro de Korner: O primo de Bremen, A governanta, O dominó verde. Um bom escritor.

A mãe, a Margot e eu voltámos a ser amigas, o que não deixa de ser muito agradável. Ontem a Margot deitou-se ao meu lado na minha cama. Quase não havia lugar para as duas, mas não fazes ideia como foi bom. Ela perguntou-me se podia ler o meu diário. Eu disse:

-Algumas passagens podes.

Perguntei-lhe pelo diário dela. Disse que também mo dava a ler. Depois falámos sobre o futuro e perguntei-lhe o que ela queria ser. Mas não quis dizer, é um segredo. Ouvi vagamente dizer que quer ser professora e suponho que deve ser verdade. Acho que sou curiosa de mais. Hoje de manhã estendi-me sobre a cama do Peter depois de o ter expulsado de lá. Ficou furioso, mas não fiz caso. Acho que podia se mais amável comigo, pois ainda ontem lhe dei uma maçã.

Ontem perguntei à Margot se me achava feia. Ela disse-me que eu tinha um ar patusco e os olhos muito bonitos. Uma resposta um bocado vaga, não te parece?

Até à próxima.

Tua Anne

quarta-feira, julho 27, 2005

ANNE FRANK



De entre os livros por mim já lidos, um dos que mais me agradou foi o Diário de Anne Frank, pela sua simplicidade e realismo.
Anne era filha de negociantes judeus que viviam na Alemanha. Quando Hittler tomou posse do governo, o negócio do pai ficou em má situação e por isso viram-se obrigados a fugir para Amesterdão. Em 1940 os alemães invadiram os Países Baixos e recomeçaram a guerra aos judeus. Dois anos depois, quando Otto Frank recebeu ordem de se apresentar à polícia, conseguiu com a ajuda de amigos cristãos esconder-se com a mulher, as duas filhas e um outro casal, no anexo da casa na Prinsengracht em Amesterdão, onde viveram durante dois anos temendo a todo o momento serem descobertos.
Foi nessa casa que Anne cresceu, sofreu e amou, e também escreveu o seu Diário, obra sublime duma adolescente, transbordando de amor, sofrimento e resignação que, mais tarde, depois da sua morte foi publicado e obteve um sucesso extrordinário.
O esconderijo da família Frank foi descoberto pela Gestapo, e levaram Anne para Bergen-Belsen, o mais cruel de todos os campos de concentração, onde veio a expirar alguns dias antes da libertação
Pobre Anne que tanto sofreu fechada no espaço de poucos metros quadrados, vendo-se imposibilitada de gozar a sua mocidade, sem que um sentimento de revolta se albergasse no seu coração!
A trágica vida desta jovem foi um exemplo para o mundo, o que este não se nega a reconhecer, prestando-lhe a maior homenagem que lhe pode prestar: recordá-la.

segunda-feira, julho 25, 2005

DESIDERATA

Vai serenamente por entre a agitação e a pressa e lembra-te da paz que pode haver no silêncio. Sem seres subserviente, mantém-te tanto quanto possível, em boas relações com todos. Diz a tua verdade calma e claramente e escuta com atenção os outros, mesmo que menos dotados e ignorantes; também eles têm a sua história. Evita as pessoas barulhentas e agressivas; são mortificações para o espírito. Se te comparas com os outros podes tornar-te presunçoso e melancólico porque haverá sempre pessoas superiores e inferiores a ti. Apraz-te com as tuas realizações tanto como com os teus planos. Põe todo o interesse na tua carreira ainda que ela seja humilde; é um bem real nos destinos mutáveis do tempo. Usa de prudência nos teus negócios porque o mundo esta cheio de astúcia; mas que isto não te segue a ponto de não veres virtude onde ela existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e em todo o lado a vida está cheia de heroísmo. Sê fiel a ti mesmo. Sobretudo não simules afeição nem sejas cínico em relação ao amor porque, em face da aridez e do desencanto, ele é perene como a relva. Toma amavelmente o conselho dos mais idosos, renunciando com graciosidade às ideias da juventude. Educa a fortaleza de espírito para que te salvaguarde numa inesperada desdita. Mas não te atormentes com fantasias. Muitos receios surgem da fadiga e da solidão. Para além de uma disciplina salutar, sê gentil contigo mesmo. Tu és um filho do universo e, tal como as árvores e as estrelas, tens direito de o habitar. E quer isto seja ou não claro para ti, sem dúvida que o universo é-te disto revelador. Portanto, vive em paz com Deus seja qual for a ideia que Dele tiveres. E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações, na ruidosa confusão da vida, conserva-te em paz com a tua alma. Com toda a sua falsidade, escravidão e sonhos desfeitos o mundo é ainda maravilhoso. Sê cauteloso. Luta para seres feliz.


Encontado, em 1692, na Igreja de Saint Paul - Baltimore

domingo, julho 24, 2005

MAGIA


Toda a magia de um pôr-do-sol...