sexta-feira, maio 30, 2008

CASA NA CHUVA

A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei porque voltou esta tarde
se minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: Ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.


Eugénio de Andrade
Trinta Poemas



sábado, maio 24, 2008

CHOVE...

Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?


Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.


Poema de José Gomes Ferreira

domingo, maio 04, 2008

PARA TI, MÃE


Os teus olhos escorrem como fontes
E em todo o teu ser existe
O sonho grave, nítido e triste
Duma paisagem de pinhais e montes.

Na tua voz as palavras são nocturnas

E todas as coisas graves, grandes, taciturnas
A ti são semelhantes.


Sophia de M. B. Andresen