quinta-feira, setembro 18, 2008

PARALELAS


Tu és o sótão e eu o porão
Tu és a cumeeira e eu o alicerce oculto
Tu és a parte exposta do iceberg
Eu sou a metade submersa
Tu és o zênite e eu o nadir
Tu és a cara da moeda e eu a coroa
Eu te conheço porque és a outra parte de mim
Tu me conheces porque sou a outra parte de ti
Para que possas ser a metade exposta
É preciso que eu seja a metade implícita
Para que possas declinar versos angelicais
É preciso que eu derrame versos abismais
Eu não minto e nem tu mentes jamais
Escolhes falar da luz por opção
Escolho rasgar abismos por oposição
Caminhamos paradoxalmente na mesma direção
Para que possas suportar-te na cumeeira
Faço-me a base segura e obscura do teu altar
E nesta junção milenar
Somos qual duas linhas paralelas
Fadadas a andar lado a lado
Sem jamais poder se encontrar.




( Fátima Irene Pinto)

2 comentários:

sofialisboa disse...

talvez um dia se encontrem no infinito.sofia

Ever disse...

muito linda sua postagem, flor
^^
muito profundo =]
bjss