quinta-feira, março 13, 2008

UM SONHO


Sonhei que me mataste e tive pena

Da dor que de fazê-lo sentirias...

Não te rias, meu anjo, não te rias

Nossa alma pode ser de afectos plena,


Olhar a morte impávida e serena

E sucumbir a alheias agonias.

O mais pungente dessa triste cena

Era, acredita, ver que padecias.


Tendo-me morto tu depois choraste...

Ouvi-te ali, sem me poder mover

Sentindo em dor o coração estalar!...


Sonho maldito que o Senhor afaste:

Ter-te junto de mim, ver-te sofrer

E não ter voz para te consolar.




Maria d'Eça Leal

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