Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo
nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-se comigo
quero eu dizer:com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura
dura ainda...
Eugénio de Andrade
terça-feira, abril 22, 2008
segunda-feira, abril 21, 2008
A TUA VOZ NA PRIMAVERA
Manto de seda azul, o céu reflete
Quanta alegria na minha alma vai!
Tenho os meus lábios húmidos: tomai
A flor e o mel que a vida nos promete!
Sinfonia de luz meu corpo não repete
O ritmo e a cor dum mesmo beijo... olhai!
Iguala o sol que sempre às ondas cai,
Sem que a visão dos poentes se complete!
Meus pequeninos seios cor-de-rosa,
Se os roça ou prende a tua mão nervosa,
Têm a firmeza elástica dos gamos...
Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me exalto e sou linda para ti!
Florbela Espanca
Quanta alegria na minha alma vai!
Tenho os meus lábios húmidos: tomai
A flor e o mel que a vida nos promete!
Sinfonia de luz meu corpo não repete
O ritmo e a cor dum mesmo beijo... olhai!
Iguala o sol que sempre às ondas cai,
Sem que a visão dos poentes se complete!
Meus pequeninos seios cor-de-rosa,
Se os roça ou prende a tua mão nervosa,
Têm a firmeza elástica dos gamos...
Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me exalto e sou linda para ti!
Florbela Espanca
quinta-feira, abril 17, 2008
SEM TITULO
"Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo.
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa! "
Alexandre O'Neill.
sexta-feira, abril 11, 2008
SEM TITULO
Eu sou a que procura uma certeza
Na incerteza de dias sempre iguais.
A que busca a vida na estreiteza
Destes caminhos que não terminam mais.
Eu sou a de infinitos ideais,
A que conhece da vida a aspereza,
A que mais sofre porque ama demsis,
A que mais ri porque tem mais tristeza.
Eu sou a do sonho irrealizado,
Sou a sem futuro e sem passado,
Sou quem mais esoera e mais deseja.
Eu sou um coração desfeito em pranto,
Sou barco perdido em mar de espanto,
Mas sou a que não esmola nem rasteja!
FEIA
Na incerteza de dias sempre iguais.
A que busca a vida na estreiteza
Destes caminhos que não terminam mais.
Eu sou a de infinitos ideais,
A que conhece da vida a aspereza,
A que mais sofre porque ama demsis,
A que mais ri porque tem mais tristeza.
Eu sou a do sonho irrealizado,
Sou a sem futuro e sem passado,
Sou quem mais esoera e mais deseja.
Eu sou um coração desfeito em pranto,
Sou barco perdido em mar de espanto,
Mas sou a que não esmola nem rasteja!
FEIA
domingo, abril 06, 2008
AMIGA!
Quantas vezes somos maltratadas
Pela vida... faz com que perdemos o rumo
O destino com suas armadilhas disfarçadas
Nos pregam peças nos tirando do prumo...
Tempestades caindo sobre a tarde
Trazendo nessas nuvens, solidão...
Nas preces, peço a dor que se retarde
Mas ouço tão somente o mesmo não...
Vencida pelas dores, indefesa,
Evito que a solidão me abraça...
medo o pavor da dor e da tristeza,
Minha lágrima perdida não se disfarça...
Ambas estamos lambendo nossa ferida
A dor tem sido difícil suportar
Nos braços que me deste, minha querida!
Eu não sei por que não soube aportar.
Solange Silva
quarta-feira, abril 02, 2008
NA MÂO DE DEUS
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!
(Antero de Quental)
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!
(Antero de Quental)
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